quarta-feira, 3 de abril de 2013

Would you believe in a love at first sight?


Sempre fui um pouco apática em relação ao amor. Sempre acreditei que amor era parte de uma etapa quase inalcançável da existência humana. Poucos chegariam, de verdade, até lá. Aquela história de amor à primeira vista, então, era algo inconcebível na minha verdade mais absoluta.
Como poderia ter fundamento olhar para um desconhecido e simplesmente amá-lo? Amar era algo tão ímpar na vida, uma coisa tão excepcional, que surgir de tamanha simplicidade era inaceitável. Tem pessoas que passam a vida buscando um amor. Tem pessoas que vão morrer sem amar.
Não conseguia ver o amor fora da esfera da complexidade. Não era questão de não acreditar. Ele existia, mas estava lá no cume da montanha mais alta da vida esperando por nossa difícil escalada. Com sorte, paciência e muita dedicação, um dia, chegaríamos, ou não, lá.
Porém, a vida esqueceu de me contar dois segredos. O primeiro, que nossas verdades absolutas nem sempre são absolutas. O segundo, que a vida gosta de nos pregar peças, nos fazendo cair em contradição.
Lembrei agora dos trechos de uma música: “acho que era julho de 83/ eu sempre esqueço do dia, mas lembro do mês”.  Era julho. De 2011. Não lembro do dia, mas lembro dele. Lembro de como ele estava vestido. Lembro de como o cabelo estava arrumado. Lembro das covinhas que aparecem enquanto ele sorri. Lembro da maneira que ele fumava. Lembro da gola do casaco levantada. Lembro que nunca tinha o percebido antes. Lembro de todos os detalhes. Lembro de todos os cheiros. Lembro de mim estática, com um copo de vodka na mão, desmoralizada perante todas as minhas crenças, sendo obrigada a admitir que foi amor à primeira vista, da forma mais simples e agora aceitável.

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