Pela manhã, saí de casa rumo a
cadeira mais esperada da semana. Segundo meu irmão, hoje eu teria aula com
professor mais legal da faculdade.
O cara é tão bacana que desde o
dia da minha matrícula venho ouvindo que eu poderia perder qualquer aula, menos
a das quintas feiras.
Cheguei felicíssima, entrei na
sala, sentei na cadeira e fiquei ali, só esperando o tão famoso professor
adentrar a sala, olhar para turma e dizer ‘ hoje é festa na floresta’. Porém,
azarada como sou, um outro professor assumiu a cadeira. Para minha decepção,
fiquei sem o professor mais legal e sem as citações de corações psicodélicos.
No entanto, a decepção foi passando conforme
eu ia percebendo que aquele professor surpresa tinha algo familiar. A presença dele me remetia a uma
sensação passada. Pra ser sincera, era uma sensação muito boa. Precisei de alguns minutos pra
constatar que o professor que tava lá na frente tinha sido professor da pessoa
que, inconscientemente, me trouxe até aqui.
Lembrei das tantas vezes em que vi
os dois em conversas pós - aula no saguão. Conversas sempre interrompidas pela
minha chegada. Lembrei também das nossas conversas no saguão, quase sempre
monólogos em que eu falava pelos dois. Lembrei tantas coisas, tantos momentos.
Resgatei um lado bom de mim que estava adormecido há muito tempo. Senti
saudades. Senti falta.
Percebi que agora estou lugar certo. Meu sonho sempre foi
atravessar aquele saguão todos os dias, como aluna. Nunca estive tão feliz, mas
o saguão... o saguão sem ele não tem mais graça.
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