segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Um certo...

Ele entrou na minha vida da mesma estranha maneira que o Capitão Rodrigo Cambará entrara na vida de Santa Fé.
Um dia também chegou vindo não sei de onde, com um charme e uma elegância que as palavras não explicam.
Tinha o mesmo olhar de gavião, descrito por Érico Veríssimo, que irritava e ao mesmo tempo fascinava.
Estava por volta da casa dos 30, usava uma bela roupa preta, gravata branca e a gola do casaco levantada. Um sorriso encantador que realçava suas covinhas que causara um certo transtorno daquela noite fria de julho.
Eu que, como Bibiana Terra, via os homens com os olhos desconfiados e cautelosos não resisti aos encantos daquele certo desconhecido desde o primeiro momento que o vi.

domingo, 5 de maio de 2013

It'll be just like starting over

Coragem foi tudo que decidir ter. Limitei as minhas vergonhas, medos, aflições e fui fazer aquilo que vinha prometendo há meses. Fui ver ele. Precisava ir além das lembranças. Precisava ver as coisas mais simples. Ver que ele ainda mantinha o mesmo corte de cabelo. Que as covinhas continuavam ali enquanto ele sorria (e que, dessa vez, sorria só pra mim). Que ele ainda fumava. Que usava a mesma camiseta. Que era ainda o mesmo, depois de meses, anos. Um pouco mais magro, talvez, mas me fazendo descobrir que amor a primeira vista, no dicionário do coração, pode ser sinônimo de amor eterno. 
Assim como Gabriel García Márquez, também tive que buscar forças na fraqueza para não me colocar na frente de todos com um letreiro que consagrasse minha verdade: Estou louca de amor.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Would you believe in a love at first sight?


Sempre fui um pouco apática em relação ao amor. Sempre acreditei que amor era parte de uma etapa quase inalcançável da existência humana. Poucos chegariam, de verdade, até lá. Aquela história de amor à primeira vista, então, era algo inconcebível na minha verdade mais absoluta.
Como poderia ter fundamento olhar para um desconhecido e simplesmente amá-lo? Amar era algo tão ímpar na vida, uma coisa tão excepcional, que surgir de tamanha simplicidade era inaceitável. Tem pessoas que passam a vida buscando um amor. Tem pessoas que vão morrer sem amar.
Não conseguia ver o amor fora da esfera da complexidade. Não era questão de não acreditar. Ele existia, mas estava lá no cume da montanha mais alta da vida esperando por nossa difícil escalada. Com sorte, paciência e muita dedicação, um dia, chegaríamos, ou não, lá.
Porém, a vida esqueceu de me contar dois segredos. O primeiro, que nossas verdades absolutas nem sempre são absolutas. O segundo, que a vida gosta de nos pregar peças, nos fazendo cair em contradição.
Lembrei agora dos trechos de uma música: “acho que era julho de 83/ eu sempre esqueço do dia, mas lembro do mês”.  Era julho. De 2011. Não lembro do dia, mas lembro dele. Lembro de como ele estava vestido. Lembro de como o cabelo estava arrumado. Lembro das covinhas que aparecem enquanto ele sorri. Lembro da maneira que ele fumava. Lembro da gola do casaco levantada. Lembro que nunca tinha o percebido antes. Lembro de todos os detalhes. Lembro de todos os cheiros. Lembro de mim estática, com um copo de vodka na mão, desmoralizada perante todas as minhas crenças, sendo obrigada a admitir que foi amor à primeira vista, da forma mais simples e agora aceitável.

Let it bleed



       Pela manhã, saí de casa rumo a cadeira mais esperada da semana. Segundo meu irmão, hoje eu teria aula com professor mais legal da faculdade.
O cara é tão bacana que desde o dia da minha matrícula venho ouvindo que eu poderia perder qualquer aula, menos a das quintas feiras.
     Cheguei felicíssima, entrei na sala, sentei na cadeira e fiquei ali, só esperando o tão famoso professor adentrar a sala, olhar para turma e dizer ‘ hoje é festa na floresta’. Porém, azarada como sou, um outro professor assumiu a cadeira. Para minha decepção, fiquei sem o professor mais legal e sem as citações de corações psicodélicos.
     No entanto, a decepção foi passando conforme eu ia percebendo que aquele professor surpresa tinha algo familiar. A presença dele me remetia a uma sensação passada. Pra ser sincera, era uma sensação muito boa. Precisei de alguns minutos pra constatar que o professor que tava lá na frente tinha sido professor da pessoa que, inconscientemente, me trouxe até aqui. 
  Lembrei das tantas vezes em que vi os dois em conversas pós - aula no saguão. Conversas sempre interrompidas pela minha chegada. Lembrei também das nossas conversas no saguão, quase sempre monólogos em que eu falava pelos dois. Lembrei tantas coisas, tantos momentos. Resgatei um lado bom de mim que estava adormecido há muito tempo. Senti saudades. Senti falta.
    Percebi que agora estou lugar certo. Meu sonho sempre foi atravessar aquele saguão todos os dias, como aluna. Nunca estive tão feliz, mas o saguão... o saguão sem ele não tem mais graça.

quarta-feira, 2 de março de 2011

childhood memories

Descobri uma coisa que me faz chorar: lembranças da minha infância.
Toda vez que sou remetida a minha infância, sinto um aperto no coração e uma vontade incontrolável de chorar. Domingo passado, por exemplo, assistindo ao Oscar, comecei a chorar ao ouvir 'somewhere over the rainbown'. Não chorei por achar a música bonita, emocionante. Chorei porque Mágico de Oz foi o primeiro filme que vi na vida. Tinha uns 4 anos, acho, ou até menos, mal sabia o que era filme, mas lembro com todos os detalhes que era minha vhs preferida e que, inclusive, por medo, passava pra frente aquele inicio em preto e branco no qual a bruxa era esmagada e ficavam só as meias listradas aparecendo. Tinha pavor daquelas meias listradas, mas em compensação começou ali minha compulsão por sapatos. Ain, os vermelhinhos da Dorothy.
Acredito que toda essa comoção com as memórias da infância acontece porque fui uma criança muito feliz. E só reconhecemos essa felicidade depois. Acho que reconhecer não é bem a palavra, porque criança sabe que é feliz. O que fazemos tardiamente é valorizá-la.
Hoje trocaria todas as minhas experiências vividas pela minha infância, onde tudo era mais bonito e mais fácil.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

all things must pass

O engraçado é que tudo na vida realmente passa, seja aquele amor enlouquecedor, aquela amizade inseparável, aquela paixão desenfreada ou aquela dor insuportável - de ausência, de amor, de perda. Pode levar dias, meses, anos, mas quando menos se espera simplesmente passou.
Quantas pessoas já amei pensando ser os amores da minha vida e hoje nem um simples e educado "oi" é trocado. Quantas pessoas conheci, achei que ficariam pra sempre na minha vida, fizemos planos e hoje a única coisa que quero delas é a distância. Quantas vezes já me deu vontade de desistir de tudo, achando que não conseguiria mais continuar. Sofri, chorei, me decepcionei, errei - e como errei - mas hoje to aqui feliz e em paz mais uma vez, afinal não tem nada nessa vida que o tempo e um pouco de paciência não resolva.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

in the end the love you take is equal to the love you make


Faz mais de uma semana que meu fanatismo pelo Paul se transformou em um louco amor desenfreado, numa necessidade vital. Só consigo ouvir Paul McCartney, ver Paul McCarteney, falar de Paul McCartney, ler matérias sobre Paul McCarteney, navegar só a procura de Paul McCarteney, ou seja, estou vivendo, respirando Paul McCartney.
Em meio a tamanha obsessão acabei encontrando um texto muito interessante de uma fã do Paul, falando do quanto a vida dela mudou pós-show. Achei o trecho final o mais interessante: “ É como se a sensação que vivi ali, contigo, fosse tão majestosa que não se pudesse mais alcançá-la. Então estive pensando que um espetáculo desses é coisa pro fim da vida. É como gran finale: quando a pessoa pensa que já viu tudo, vem você, pra surpreender. Do contrário, a gente fica assim, imaginando que nada mais pode acontecer de tão magnífico daqui pra frente.”
Ela conseguiu traduzir em palavras exatamente o que todos nos estamos sentindo. É esse trecho que explica os nossos olhos parados lembrando do que aconteceu, nossos risos sem sentido, muitas vezes sozinhos, nossas caras de felicidade, aquela sensação de que tudo está flutuando. Parece louco, mas é a mais pura verdade, nossas vidas realmente mudaram pós Paul Mccartney. Ninguém mais conseguirá ser o mesmo depois disso.
Me perdoem as beatas, mas, para nós, foi como se tivessemos visto Jesus Cristo fazer um milagre, como se daqui pra frente tudo zerasse e começassemos a contar os dias, meses, anos, como a.P (antes do paul) e d.P (depois do paul).
Lembro que mês passado quando estavam resgatando os mineiros no Chile, durante a transmissão um repórter ou um psicólogo, não lembro exatamente, comentou que aqueles mineiros seriam uma família para sempre, pois diante de fortes emoções sempre criamos laços eternos com aqueles que passaram por isso conosco. E agora sei que isso é verdade, porque as pessoas que passaram por essa experiência junto a mim, alguns amigos, uns já conhecidos e o outros até então desconhecidos, estão hoje entre as pessoas mais especiais da minha vida e vou querer levá-las sempre comigo. Afinal, acima de qualquer coisa, criamos uma verdadeira família!
Tá difícil voltar pra realidade. Minha vida parou naquele momento e tudo que venho planejando a mais de uma semana é a próxima oportunidade de viver isso novamente. Na verdade, minha vida nunca mais será a mesma, não tem como voltar a viver como vivia antes do dia 4 de novembro. Hoje minha vida tem um sentido, hoje eu vivo por uma razão, por um objetivo. Agora tenho a certeza que tudo que acreditei, tudo que quis ser, que me influenciou valeu a pena. Tenho a felicidade de volta comigo. E talvez comece a entender que não sou mais “a lonely girl who's in the middle of something that I don't really understand”.
Se tivesse a oportunidade de dizer ou escrever algo para o Paul não ocuparia mais de uma linha:
Obrigada Paul, por resgatar em mim a vontade de viver.
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